quarta-feira, 31 de maio de 2017

Para amar alguém, você precisa se amar primeiro.



 Uns dias atrás fui em um bar. Pedi para o garçom a primeira bebida que tinha visto no cardápio, e sentei em uma mesa no canto, perto da parede. As pessoas me olhavam como se eu estivesse fazendo algo completamente estranho, sentada ali, naquele lugar, sozinha. Eu não tinha levado o meu celular naquela noite, na intenção de tentar espairecer. Observando as pessoas entrar naquele ambiente, as conversas aleatórias, as risadas, e até mesmo um casal brigando sentados em uma mesa ao meu lado, peguei-me de surpresa quando o vi. Sim, ele, após tanto tempo. Sabe aquelas famosas borboletas no estômago? Eu a senti quando o vi passar. Seria aquela a atual dele? Ou talvez mais algum daqueles rolos que ele não vive sem? Tomei mais um gole daquela bebida amarga, e continuei olhando os dois.
 Era muito estranho vê-lo ali, com as mesmas conversas que ele tinha comigo, dando as mesmas cantadas e  tendo o mesmo jeito de conquista. Era estranho ver aquela mulher com um olhar de apaixonada, acreditando em cada palavra dele. Entre tantos flertes, ele percebeu que eu estava ali. Sem saber o que fazer ,começou a desconversar, fingindo estar desconfortável. Tentei segurar o riso, por presenciar mais uma vez uma de suas cenas. Era quase impossível acreditar na força que eu tive de vê-lo ali, depois de tudo que passei para aceitar isso. 
 É fato que é algo inevitável não se apaixonar por quem não terá algo recíproco por você. Principalmente se a pessoa sempre tenta ressaltar suas qualidades, ou no mínimo estar presente na sua vida um tempo antes de conseguir o que quer, e depois ir embora. Nós somos carentes de ter um alguém ao nosso lado que nos apoia e nos faz sentir melhor. É um grande erro principalmente achar que se alguém diz que ama, ele realmente ama. Por isso que quando passamos para a fase de auto-aceitação e se amar em primeiro lugar, tudo fica mais fácil.
 Não digo que ir a um bar sozinha é necessário para ter um amor por si, mas no meu caso, foi um ponto ao qual cheguei que me senti tão bem comigo mesma, que se eu saisse sozinha de vez em quando, eu não ligaria. E, pela primeira vez, ver uma pessoa que compartilhou momentos comigo e  agora estava iludindo outra pessoa, me fez querer agradecer por eu ter passado por tanta coisa, e agora, estar aqui: Bebendo, pensando na vida, com um bem-estar imenso e sucedida, tanto nas amizades, quanto na vida em si. 
 Perceber que a nossa própria companhia é a mais fiel e a mais completa pode demorar um pouco, mas quando chegamos na fase de se olhar no espelho e gostar do que vê, é a maior realização que se pode ter. Amar alguém é muito bom, mas se amar é melhor ainda. É impossível querer somar na vida de alguém se você não se transborda sozinha. Quando você começar a gostar do seu próprio sorriso, perceberá como as pessoas ao seu redor valorizará ele também. E que mostrar que está bem consigo não significa postar fotos em festas, com uma garrafa de cerveja na mão, rodeado de pessoas desconhecidas e vazias. Mas sim, aceitar que um dia ao qual você não quer sair com alguém, você simplesmente pega o seu carro e dá uma volta na cidade, ouvindo uma boa música e tendo a certeza de que aquilo está te fazendo bem também. 
 Após ficar algumas horas ali, decidi pagar a minha conta e ir embora. Não percebi se ele notou ou não, mas fiquei me perguntando se ele também estava me vendo como um alguém solitário ali. Porém, logo após esse pensamento saiu. Estar feliz comigo mesma é a forma mais autêntica que achei, e não se importar com a opinião dos outros é uma consequência agradável disso. Então, mais um dia se passou, e eu estava ali: Feliz, independente, no meu próprio apoio e me amando, em primeiro lugar. 

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